Por Paulo Penna e Fernando Bronca
Embora sendo indivíduos, chegamos da pedra lascada até aqui, como daqui chegaremos, um dia, quem sabe, às estrelas, como uma única espécie.
Como qualquer outra espécie, fomos movidos pela necessidade de respostas e reações constantes aos ambientes em mudança em torno de nós, primeiro, e não às expectativas das pessoas em relação a nós.
As adaptações promovidas pelo entendimento das respostas comportamentais que o ambiente produz nas pessoas que neles se estabelecem é, por isso, o estado da arte da compreensão das dinâmicas das relações interpessoais visando a gestão de pessoas no ambiente organizacional.
E entender o ambiente requer um alto grau de inteligência gerencial para mensuração de fatores diretos e indiretos que vão impactar nos controles dos resultados que se esperam das pessoas que neles procuram se estabelecer.
Exemplo: uma empresa se depara recorrentemente com a falta de comunicação assertiva entre setores, resultando na ocorrência de problemas por falta de compreensão das atribuições de responsabilidades e competências entre as partes envolvidas, com perda de produtividade, comprometendo o serviço ou produto e levando à rejeição do resultado pelos gestores ou, pior, pelo cliente. Geralmente as tentativas de solução a problemas dessa ordem se dão por uma busca de identificação de pontos falhos na cadeia produtiva adotando, quase sempre, a perspectiva que o problema se dá nas relações entre as pessoas e que umas devem atender não às demandas do ambiente, mas às expectativas umas das outras, gerando tensões, promovendo polarizações e partindo, por fim, para o conflito, velado ou aberto, com degeneração das relações interpessoais e perda de produtividade e resultados.
Em outras palavras, esperam-se mudanças nas pessoas, mesmo que o ambiente em que elas se encontram permaneça o mesmo.
No nosso passado evolutivo o ambiente era composto de variáveis externas, geralmente independentes do nosso controle, sendo ele frio ou calor extremos, eventos catastróficos e fauna hostil, nos tornando totalmente reativos aos ambientes em que nos estabelecíamos.
Mas, no nosso presente organizacional, como condição para qualquer expectativa de futuro, o ambiente deverá ser cada mais composto de variáveis intrínsecas, interdependentes entre si e sujeitas aos nossos controles proativos, sendo eles processos bem estruturados, ferramentas tecnológicas adequadas e pessoas altamente capacitadas.
Dessa forma a solução para o problema apresentado como exemplo se deslocaria da pressão negativa das pessoas entre si mesmas e partiria para uma pressão positiva do ambiente sobre as pessoas.
Isso se dará através da inteligência gerencial aplicada à otimização dos processos para a identificação e prevenção de problemas, antes que eles se apresentem; o emprego de ferramentas tecnológicas que possam sinalizar as etapas das atividades conclusas ou a concluir de forma que todos os envolvidos tenham uma visão 360º do ciclo das atividades desenvolvidas, criando um modelo de gestão que nivele a todos, mas que permita que cada um seja avaliado com o mínimo de subjetividade e o máximo de objetividade sobre as suas atribuições e responsabilidades ao longo dos processos.
Sob esse binômio, processos e tecnologia a serviço do aprimoramento das condições de gerenciamento, a empresa será cada vez mais bem sucedida em treinar e estimular as pessoas nos conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para responderem de forma assertiva e eficiente às demandas, gerando os resultados que o ambiente organizacional, hoje, como no passado a Natureza, apresenta como condição para a sobrevivência e, muito além disso, para o sucesso dos que se fizerem os mais aptos e conquistaram o direito de continuar a evoluir e receber o devido reconhecimento profissional pelos méritos demonstrados.
As organizações estariam assim criando para si um ambiente ainda mais competitivo para o mercado, mais desafiador e também colaborativo para seus colaboradores e, ao mesmo, tempo, mais justo para todos.